Foi dia 25, no Porto.
Consideremos isto o ínício pois o projecto de dizer Pessoa (já não em leitura, mas em recitação) posso dizer que começou agora, e finalmente. Depois de um período grande de aquecimento, com incursões em Álvaro de Campos, Alberto Caeiro e também Ricardo Reis, por exemplo.
Este período foi de estudo, de mim e de Fernando Pessoa.
Foi um grande período de pensar em porque pegar neste poeta e não em outros (como bons amigos me sugerem Mário de Sá-Carneiro, Camilo Pessanha ou Cesário Verde): a verdade é que Pessoa é para mim o supremo simulador.
E, ainda que outra poesia me atraia, trabalhar a poesia pessoana é estar num turbilhão da fantasia de ser outro. É estar no centro do furacão, no epicentro da inventividade e a cada passo descobrir como um artista pode ser Maior.
Comecei com a "Mensagem" esta nova fase por ser o livro acabado, por ser misteriosa, por ser também um ponto de apoio onde conhecer e comparar (eu e os outros) as variadissimas escritas e dimensões de Pessoa.
A "Mensagem" deu-me também o empurrão que procura dar a um Portugal que não sei se existe, entre o mítico e o daquele início do século XX. Esse poema em vários poemas deu-me significados que me empurram e me explicam o percurso de um artista consigo próprio.
Seja esse ou não o mais aproximado significado da "Mensagem" tem sido esse o significado para mim.
Segue o texto que escrevi para a apresentação
Mensagem, de Fernando Pessoa
Dito integralmente por Nuno Meireles
As palavras deste poema, publicadas em 1934, ainda fazem sentido e farão especial sentido agora, para nós. Porque entre muitas coisas são uma revisão (poética) e uma exortação (igualmente poética). Uma revisão do que fizemos e de como aqui chegámos e uma exortação a que façamos mais, sejamos mais, e no tempo em que vivemos. Seja conquistar o Mar, seja conquistar quem somos.
Este monólogo é também devedor do que diz o poema, pois, com a sua complexidade, os seus múltiplos ângulos e discursos, Mensagem é um Mar a dominar, é um texto intrincado de significados, de símbolos, de reviravoltas de síntaxe, de semântica, de descrições, de pessoas que falam, de orações, de magia e sobretudo de uma quase melancolia (talvez do nosso tempo, já não a grandiloquencia nem o grande orgulho nacional) de alguém que fala, só.
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