segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Folha de sala Tabacaria + O Oitavo Poema de O Guardador de Rebanhos

Tabacaria (de Álvaro de Campos) + O Oitavo Poema de O Guardador de Rebanhos (de Alberto Caeiro)

Monólogo
9 de Outubro de 09
Museu do Carro Eléctrico

Não sou nada.
Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
Aparte isso tenho em mim todos os sonhos do mundo. Álvaro de Campos

Num meio-dia de fim de Primavera
Tive um sonho como uma fotografia.
Vi Jesus Cristo descer à terra.
Alberto Caeiro

Entre o sonho de ter tudo dentro de si e o sonho de ter visto Jesus Cristo descer à terra "tornado outra vez menino" temos Campos e Caeiro. Temos o que podem muito bem ser os seus melhores poemas. Temos dois lados da mesma metafísica e dois lados do mesmo poeta. Temos aquelas palavras que são tão nossas por nunca terem sido realmente de ninguém.

Estes dois poemas, publicados por Pessoa na revista presença (em 1933 e 1931, respectivamente), serão outra coisa senão monólogos? Serão outra coisa senão uma identidade tão perfeitamente detalhada que dificilmente se pode crer em outro autor além de Campos e Caeiro? Serão outra coisa senão a expressão sublime do homem por trás das palavras – Pessoa – como por trás de máscaras? Serão outra coisa senão a expressão de outros mundos, outras sensações, que sem máscara nos é inacessível exprimir?

Fernando Pessoa, esse génio da simulação, convida-nos avidamente a ler em voz alta, a ser os seus poemas-dramas. Todo o seu acervo não é senão a dramaturgia mais intrincada e complexamente rica que terá visto o séc.xx português.

ENCENAÇÃO/INTERPRETAÇÃO NUNO MEIRELES

ILUSTRAÇÃO DO CARTAZ ANTÓNIO SANTOS

DESIGN GRÁFICO ENZO MEIRELES

APOIO MUSEU DO CARRO ELÉCTRICO, POETRIA – POESIA & TEATRO, O Major Reformado (umfernandopessoa.blogspot.com)

AGRADECIMENTOS Dra. Olga Vieira e restante equipa do Museu pela generosa recepção à iniciativa; Enzo Meireles e António Santos pelo seu maravilhoso trabalho visual; Dina Ferreira/Poetria pelo seu incansável apoio e intermediação; e finalmente Margarida Fernandes por apontar todas as coisas que há nas flores, sendo que estas são as palavras e os espaços, e aquelas o passo em frente.

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